Artigo

#eutanásia – “REANIMAR?: HISTÓRIAS DE BIOÉTICA EM CUIDADOS INTENSIVOS”

Não emitiremos opinião quanto à legalização ou não da eutanásia.

Iremos, isso sim, partilhar com o leitor documentos que possam ajudar o nosso leitor a perceber melhor o que poderá estar em causa e a formar a sua opinião.

Começamos por lhe sugerir o livro “Reanimar? -Histórias de Bioética em Cuidados Intensivos” escrito pelo Médico António Maia Gonçalves que, em entrevista ao Diário de Notícias, marcou bem a sua posição:

“A eutanásia não é um ato médico. Pode ser um direito de cidadania.” 

“A relação médico-doente tem de ser impoluta, o médico é para tratar, cuidar o melhor possível, nem que sejam cuidados de fim de vida. A relação médico-doente tem de ser de confiança. Se não, perde-se essa face humanizada que distingue a nossa medicina de uma medicina anglo-saxónica, mais fria, mais técnica.”

 

“Um livro que conta histórias felizes e as outras… “No meio da imensa tecnologia dos cuidados intensivos e das magníficas condições de trabalho que existem por parte das equipas médicas e de enfermagem há mais… somos uma equipa muito coesa, não existe tempo para ter sono ou fome só há tempo para a humanização e para tomar decisões. Caso contrário torna-se assustador. Temos de partilhar o risco com as famílias. A gratidão neste tipo de medicina é imenso. Obviamente que temos de lidar com a mortalidade, não somos imunes a isso, mas temos obrigatoriamente de pensar nos casos de sucesso. Vamos aprendendo…” No dia 25 de novembro vai poder descobrir muitas histórias no livro. Entre elas vai poder conhecer esta que não tem um final feliz, que não devia acontecer assim e que simplesmente não devia ter acontecido mas… aconteceu! “Estava há pouco tempo naquele hospital… fui chamado à sala de emergência às 08h30, tinha feito 24 horas de serviço. Cheguei à sala e lá estava uma criança com quatro anos, em paragem cardiorrespiratória. Os pais, desesperados, a mãe, grávida, no fim do tempo. Estive cerca de 60 minutos a reanimar a criança… sem sucesso. No meio daquela confusão toda a mãe entra em trabalho de parto. O pai, estava perdido, desesperado e sem saber a quem devia acudir – se à esposa se ao filho – ao fim de 60 minutos interrompi as manobras de reanimação e deixei a criança, o menino de quatro anos, em paz…Já não havia nada a fazer. O pai… é impossível descrever o sofrimento daquele homem. Mas tentámos apoiá-lo da melhor maneira possível, ele conseguiu assistir ao parto, o bebé nasceu bem. Passados três anos encontrámo-nos e ele disse-me: «Senhor doutor a vida continua e obrigada por tudo. A vida é assim mesmo, dá-nos umas coisas e leva-nos outras. O meu filho está bem». Até hoje não sei se ele se estava a referir ao que tinha nascido ou ao que tinha partido, não tive coragem de perguntar.” 

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