@ENVELHECER: Numa sociedade que idolatra a juventude, o idadismo é inevitável?
FRANCISCO: Em absoluto. A partir da formação (intersetorial e intergeracional) podemos mudar o paradigma, mas não se trata de criminalizar a juventude. Esta população também sofre discriminação em função da sua idade.
@ENVELHECER: As Nações Unidas, no II Plano de Ação para o Envelhecimento, indicaram como principal objetivo a luta contra os estereótipos negativos ou idadismo. Os nossos países, Portugal e Espanha, estão no caminho certo?
FRANCISCO: Temo que não, mas sou otimista. Pouco a pouco vão surgindo iniciativas para lutar contra o idadismo.
Gostaria de acrescentar alguma coisa. A partir da consciência real e da reivindicação dos direitos que têm as pessoas idosas (heterogéneas em todas as suas dimensões) podemos somar vontades para acabar com a gerontofobia. Por outro lado, mais direitos e menos ódios.
@ENVELHECER: Esteve recentemente em Portugal para participar no Seminário Internacional Alzheimer e outras Demências para abordar questões relacionadas com a importância dos meios de comunicação na percepção do envelhecimento. Que papel poderá ser desempenhado pela televisão, rádio, cinema, teatro e redes sociais?
FRANCISCO: Como tive oportunidade de dizer, na minha intervenção no Seminário, os meios de comunicação (todos) e a publicidade podem ser impulsionadores dessa mudança de paradigma, perante o envelhecimento e as pessoas idosas. Mas ainda há um longo caminho a fazer no âmbito da pedagogia e consciência crítica. Esse despertar deve ser trabalhado pelos profissionais da gerontologia.
Se me permites, podem recorrer a mim para lhes oferecer material que ajude a acabar com a discriminação em função da idade. Por outro lado, gostaria de recomendar o caderno que escrevi “El microedadismo lo vamos a jubilar” para todos aqueles que possam estar interessados nesta problemática.
Qmayor Magazine, a revista onde trabalho, também é una boa ferramenta para lutar contra o estigma da idade.
@ENVELHECER: Como recebeste a notícia da assinatura, por parte dos jornalistas espanhóis, da Declaração de Salamanca que plasma um compromisso com as pessoas com doença de Alzheimer?
FRANCISCO: Com alegria e esperança. Qmayor Magazine nasceu já com todas essas medidas e muitas outras.
@ENVELHECER: De que modo a educação e a formação dos jovens podem contribuir para combater esta discriminação, aparentemente normalizada, silenciada e transgeneracional?
FRANCISCO: Creio que a educação é fulcral. Com o exemplo de pessoas diferentes, ativas, empoderadas, valentes… como são as pessoas idosas, que temos na nossa comunidade, podemos conseguir.
@ENVELHECER: Temos um desafio, aceitas divulgar e partilhar o projecto “MicroEdadismos” em Portugal, adaptado para a língua portuguesa?
FRANCISCO: Claro que sim! Oxalá consigamos uma sociedade mais inclusiva para todas as idades e de todos os estilos. Nesta sociedade, pela qual estou a trabalhar, todos somos muito valiosos.
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Francisco Olavarría Ramos
Licenciado em Marketing e Comunicação Social. Tem trabalho na área da Gerontología e é reconhecido como repreendedor da Silver Economy. Fundador do projeto Serpentina Sénior e Diretor de Conteúdos da revista digital QMAYOR. É autor do caderno pedagógico “Vamos Reformar o Microidadismo”.
Muito pertinente a reportagem, parabéns pelo empenho em trabalhar em prol da demanda idosa. Gostei.