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A REVOLUÇÃO DA BELA VELHICE: Naturalmente bela ou artificialmente perfeita?

@miriangoldenberg, através das suas pesquisas com 5 mil homens e mulheres,  constatou que não existe velhice no singular, velhice é sempre no plural. Falemos, então, de “velhices”.

Eu, sou eu, e as minhas circunstâncias. São vários os fatores, pessoais e contextuais, que contribuem para as mulheres florescerem ou murcharem com o curso da vida, diz Mirian. É comum que mulheres sejam criticadas, quando usam determinadas roupas ou “ousam” expor o seu corpo, a partir de certa idade, numa espécie de “paralisia na juventude”, para manter “O corpo como capital”, conceito de @miriangoldenberg. No Brasil mais do que em Portugal, o corpo parece ser um capital fundamental. A indústria da beleza é poderosíssima à escala global e usa uma linguagem pejada de metáforas bélicas que convertem o corpo num eterno campo de batalha. A nova linha de cuidados para a pele, de Kim Kardashian, “não é para as que se rendem”. O embelezamento é uma guerra! As mulheres são descritas como guerreiras e a beleza é a arma. O inimigo a combater é a passagem do tempo, uma emergência que só pode ser solucionada com armas que valem a pena comprar: tratamentos estéticos, cirurgias, dietas loucas. É colossal a pressão exercida sobre as mulheres para alcançarem padrões irreais de beleza. Assistimos, diariamente, à luta das mulheres contra o seu corpo, expostas à “escravatura” da aparência física. Paradoxalmente, autonomia, capacidade de dizer não e acesso ao poder parecem significar autoconsciência física e exigência de sacrifícios. O culto do corpo requer sacrifícios, estratégias e armas. A publicidade parece recusar o natural, traduzindo a beleza numa luta contra a natureza, o tempo, as condições fisiológicas naturais. Como se de um ataque se tratasse, há tratamentos que exterminam a gordura, destroem imperfeições localizadas. Pode ocorrer uma dissonância entre a pessoa e o seu corpo: “este bumbum não é o meu”. É comum a sensação de culpa, fracasso e frustração. Uma guerra sem fim com inimigos intermináveis: celulite, gordura, rugas, acne, pontos negros…A supermodelo Linda Evangelista, de 56 anos, submeteu-se a uma intervenção estética que a desfigurou.

Processou a clínica em 50 milhões de euros. Esteve vários anos sem sair de casa, acaba, com coragem, de regressar numa campanha da Fendi.

Um exemplo de Body Positive foi dado por Sharon Stone que, aos 64 anos, fez uma fotografia em topless e legendou no seu Instagram: “Gratamente imperfeita, num dia perfeito”.

Qual é a sua opção? Naturalmente bela ou artificialmente perfeita?

Estamos juntos e juntas?

José Carreira

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