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COMBATER O PRECONCEITO CONTRA OS MAIS VELHOS

Presidente do Centro Internacional da Longevidade e ex-diretor do Departamento de Envelhecimento e Saúde da Organização Mundial de Saúde (OMS), o brasileiro Alexandre Kalache afirma que o idadismo, preconceito contra as pessoas mais velhas, é “uma grande peste à escala mundial” que importa combater.

Considera que o idadismo é mais frequente nos países ocidentais, mas está a aumentar nos países orientais, com o desaparecimento do respeito e reverência pelos mais idosos e reflete-se nas pequenas brincadeiras do quotidiano, na infantilização ou em estereótipos associados à idade que menorizam a importância do idoso. “A pessoa vai perdendo o autorrespeito, a autoconfiança, ao não se parar para ver o que é que aquela pessoa idosa quer, qual é o protagonismo que ela pode ter na sociedade“, criticou o médico e académico brasileiro.

Por isso é urgente promover um novo significado da velhice, dando bases e ferramentas ao idoso para ser autossuficiente, com comportamentos para um envelhecimento ativo, não abdicando dos seus direitos. Alexandre Kalache afirmou existir uma “ilusão da juventude eterna” que provoca uma falta de empatia para com os mais velhos.

Alexandre Kalache alerta estar em curso “uma revolução” que é o envelhecimento populacional, uma vez que as estimativas apontam para que, nos próximos 50 anos, o único grupo etário que vai aumentar é o dos maiores de 70 anos e a população com mais de 80 anos vai aumentar 27 vezes neste período. “A realidade do envelhecimento hoje é diferente, os sistemas de saúde já não podem contar com uma família cuidadora“, alertou o académico, afirmando que “quanto mais cedo melhor, mas nunca é tarde demais” para corrigir hábitos de vida que permitam “manter a capacidade funcional” e “estar acima do limiar da dependência“.

Para ajudar a mudar mentalidades, Kalache adiantou a intenção de lançar uma Liga Ibero-Americana Contra o Idadismo., com o objetivo de difundir campanhas que combatam o preconceito contra os mais velhos. Esta possibilidade foi abordada em março e o projeto está em desenvolvimento, aguardando o patrocínio de uma multinacional e com o envolvimento da Organização de Estados Ibero-Americanos com sede em Madrid, e organizações da sociedade civil. Em Portugal mostraram interesse a Sociedade Portuguesa de Geriatria e Gerontologia, a Gulbenkian, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e investigadores na área, com ligações a outras entidades.

FONTE: DIGNUS
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