Artigo

DE QUE FALAMOS QUANDO FALAMOS DE “NOVA LONGEVIDADE”?

Já não é novidade. O mundo envelhece e a quantidade de pessoas mais velhas é cada vez maior. O futuro chegou, e este fato obriga, pelo menos, a um olhar mais atento que coloque de lado o aspecto quantitativo e nos permita clarificar este fenómeno global. Tenhamos como referência, o fato de, num país desenvolvido, uma pessoa que faça 70 anos ter apenas 2% de probabilidades de morrer nos próximos 12 meses e as pessoas que hoje cumprem 50 anos têm 50% de probabilidades de chegar aos 95 anos.

No mundo ganharam-se mais 30 anos de esperança de vida nas últimas décadas e a cada dia recebemos a notícia de alguém com mais de 80 anos que bateu um recorde atlético, que é uma nova estrela da moda numa idade avançada ou de alguém que rompeu algum estereótipo, até há pouco tempo impensável: a velhice já não é invisível.

Mais uma vez, o futuro chegou. Assistimos a uma nova velhice, uma nova etapa de vida. A nova longevidade.

Novas etapas trazem consigo profundas mudanças sociais e institucionais; e as nossas instituições ainda se movimentam em modelos demasiado rígidos em relação aos modos de vida do século XXI.

Sem ir mais longe, quando se introduziram as regras que ainda regulamentam os sistemas de proteção social no mundo, como a reforma na Alemanha em 1900, apenas 1% da população chegava à idade da reforma. Hoje a realidade é diferente. Desde esse momento, somaram-se 30 anos à esperança de vida. Um terço da nossa existência é vivido no que se designa reforma ou aposentação. O “terceiro ato” como o designou Jane Fonda numa célebre conferência.

A história tem-nos mostrado como se tem dado importância à infância e mais tarde, na década de 40, à adolescência. Hoje aparece a nova longevidade. Etapas como a infância e a adolescência anteriormente e agora a nova longevidade são construções sociais que condicionam novas necessidades, novas capacidades, novos mercados ou novos desafios. Contudo, as suas consequências são reais e sustentam-se em factos que, no caso da nova longevidade, são pelo menos cinco.

O primeiro é que o número de pessoas mais velhas no mundo está a aumentar. Só na China, há mais pessoas com mais de 60 anos do que toda a população da Rússia, falamos de mais de 140 milhões de seniores chineses. Em muitas regiões europeias há mais cadeiras de rodas do que carrinhos de bebé e no Japão vendem-se mas fraldas para adultos do que para crianças. Números que, mais do que curiosidade, deviam colocar-nos em perspectiva as mudanças que ocorrem no mundo e nas sociedades.

Não só há mais pessoas mais velhas, como a vida também se prolongou e hoje vivemos mais anos e com mais saúde, como nunca se viveu na história da humanidade. Tomemos como exemplo o México, um país muito representativo da América Latina. A esperança de vida, há 50 anos, era de 57 anos, enquanto hoje atinge os 77. Estes 20 anos representam quatro anos ganhos em cada uma das últimas cinco décadas. Uma alteração brutal em termos demográficos.

As mudanças não ocorrem apenas em termos quantitativos, mas também qualitativamente. Novos papéis definem esta nova longevidade e ajudam a compreender a envergadura da sua influência. Este terceiro aspeto observa-se nos seniores que votam, que consomem, que produzem e apresentam serviço.

Ficou patente no Brexit no Reino Unido, na última eleição nos Estados Unidos e na questão catalã relativamente ao separatismo, fizeram-se sentir e com força. Os seniores tomam posição política e exercem os seus direitos. Pensemos que só na cidade de Buenos Aires são um grupo de eleitores que representa mais de meio milhão de votos. Nos Estados Unidos controlam mais de 50% da economia interna e na Irlanda 50% dos brinquedos não são comprados pelos pais mas pelos avós. Na Argentina 15% das pessoas com mais de 65 anos fazem voluntariado e mais de 20 % dizem realizar viagens turísticas e recreativas com outras pessoas. Por outro lado, um em cada quatro realiza tarefas não remuneradas de cuidado a alguma criança ou familiar próximo.

É um facto que esta nova longevidade se vive com uma nova intensidade. Não é necessário ser um Rolling Stone, mas a imagem de Jagger e da sua banda é suficientemente forte para que se entenda como estão a ajudar a redefinir um envelhecer que não os tem apenas a eles como protagonistas. Frequentemente, conhecemos pessoas que decidem fazer a sua primeira maratona, viajar pelo mundo ou alargar os seus horizontes pessoais. Hoje, as pessoas mais velhas são uma geração mais educada o que lhes permite informarem-se, conhecer, mudar os estilos de vida e, sobretudo, desafiar os cânones estabelecidos. A reforma ou a aposentação deixaram de ser uma etapa de suposta “recreação” para se converterem numa “re-creação”.

Por isso, falar de mais esperança de vida, de como se pode viver essa nova vida, e dos novos papéis que a nova longevidade nos permitirá desempenhar, mostra-nos que há tantas velhices como pessoas. Pretender encontrar duas pessoas idosas idênticas resultaria num exercício infrutífero. A nossa existência e experiência de vida estão moldadas por um percurso de vida próprio e único determinado pelas condições que nos rodeiam desde o nascimento na nossa casa e na nossa comunidade. Pelas condições que nos acompanham no nosso crescimento e desenvolvimento, nas nossas oportunidades ou desvantagens que tornam cada pessoa mais velha única. A variedade de “velhices” é um traço e identidade desta nova etapa de vida. Uma nova vida e uma nova longevidade.

FOTO: DR

De qué hablamos cuando hablamos de “nueva longevidad” ?

Ya no es novedad. El mundo envejece y la cantidad de personas mayores en el mundo cada vez es mayor. El futuro llego, y esto impone – cuanto menos, una mirada más profunda que deje de lado el aspecto cuantitativo y nos permita echar luz al significado de este fenómeno global. Sirva como referencia el hecho que en un país desarrollado una persona que cumple 70 años tiene apenas el 2% de posibilidades de morir en los próximos 12 meses y las personas que hoy cumplen 50 años tienen el 50% de probabilidades de llegar a los 95 años. En el mundo se ganaron más de 30 años de expectativa de vida en las últimas décadas y cada día nos anoticiamos de alguien de más de 80 años que mejoro un record atlético, que es la nueva estrella de la moda a una edad avanzada o alguien que rompió algún estereotipo hasta hace poco impensado: la vejez ya no es invisible. De nuevo, el futuro llego. Asistimos a una nueva vejez, una nueva etapa de vida. La nueva longevidad.

Nuevas etapas traen consigo profundos cambios sociales e institucionales; y nuestras instituciones aún se manejan en modelos demasiado rígidos para las formas de vida de este siglo XXI. Sin ir más lejos, cuando se implantaron las reglas que aun rigen los esquemas de protección social en el mundo, como la jubilación en la Alemania del 1900, apenas el 1% de la población germana llegaba a esa edad. Hoy la realidad es diferente. Desde ese momento más de 30 años de vida se han agregado. Un tercio de nuestra existencia se vive en lo que se conoce como “jubilación” o “retiro”. El “tercer acto” que le llamo Jane Fonda en una celebrada conferencia. La historia ha mostrado como se le dio importancia a la niñez y más tarde en los ’40 a la adolescencia. Hoy aparece la nueva longevidad. Etapas como la niñez y adolescencia anteriormente y la nueva longevidad ahora son construcciones sociales que condicionan nuevas necesidades, nuevas capacidades, nuevos mercados o nuevos desafíos. Sin embargo, sus consecuencias son reales y se sustentan en hechos que en el caso de la nueva longevidad son al menos cinco.

El primero es el que número de personas mayores en el mundo está en aumento. Solo en China hay más personas mayores de 60 años que toda la población de Rusia, hablamos de más de 140 millones de adultos mayores chinos. En muchas partes de Europa hay más sillas de ruedas que carritos de bebes y en Japón se venden más pañales para adultos que para niños. Cifras que más que curiosidad deberían ponernos en perspectiva de los cambios que está viviendo el mundo y las sociedades.

No solo hay más personas mayores, sino que la vida se extendió y hoy vivimos más años y de manera mucho más saludable como nunca antes se había vivido en la historia de la humanidad. Tomemos como ejemplo México un país muy representativo de América Latina. Allí hace cincuenta años atrás la expectativa de vida llegaba a 57 anios, mientras que hoy se extendió a los 77. Estos veinte años representan cuatro años ganados por cada una de las últimas cinco décadas. Un cambio brutal en términos demográficos! Un segundo elemento incontrastable.

No solo el cambio se da en términos cuantitativos sino que lo hacen cualitativamente. Nuevos roles definen esta nueva longevidad y ayudan a comprender la envergadura de su influencia. Este tercer hecho se observa en los mayores que votan, consumen, producen y brindan servicio. Lo vimos en el Brexit del Reino Unido, en la última elección en los Estados Unidos y en la situación catalana respecto del separatismo se hicieron sentir y con fuerza. Los mayores toman partido político y ejercen su derecho. Pensemos que solo en la ciudad de Buenos Aires son un grupo de votantes de más de medio millón de votos. En los Estados Unidos controlan más del 50% de la economía doméstica y en Irlanda el 50% de los juguetes son comprados no por los padres sino por los abuelos. En Argentina el 15% de los mayores de 65 años realizan tareas voluntarias y más del 20% dicen efectuar viajes turísticos y recreativos con otras personas, además, uno de cada cuatro realiza tareas de cuidados a algún niño o familiar cercano sin percibir remuneración.

Es un hecho que a esta nueva longevidad se la vive con una nueva intensidad. No hace falta ser un Rolling Stone pero la imagen de Jagger y su banda es lo suficientemente fuerte como para entender como están ayudando a redefinir un envejecer que no los tiene como únicos protagonistas. A diario conocemos personas que deciden completar su primer maratón, viajar por el mundo o emprender nuevos horizontes personales. Hoy las personas mayores son una generación más educada y eso les permite informarse, conocer, modificar hábitos de vida y por sobre todo desafiar los cánones establecidos. La jubilación o el retiro han dejado de ser una etapa de supuesta “recreación” para convertirse en otra de “Re-creación”.

Por eso, hablar de mayor expectativa de vida, de cómo se puede vivir esa nueva vida y de los roles que la nueva longevidad nos permitirá desarrollar, nos muestra que hay tantas vejeces como personas. Pretender buscar dos adultos mayores similares resultaría infructuoso. Nuestra existencia y experiencia de vida están moldeados por un curso de vida propio y único determinado por las condiciones que nos rodean desde el nacimiento en nuestro hogar y nuestra comunidad. Por las condiciones que nos acompañarían en nuestro crecimiento y desarrollo, en nuestras oportunidades o desventajas y que hacen que cada persona mayor sea única. La variedad de “vejeces” es rasgo e identidad de esta nueva etapa de vida. Una nueva vida y una nueva longevidad.

476 views
cool good eh love2 cute confused notgood numb disgusting fail