Artigo

Educar para o Envelhecimento: um compromisso da existência

Afinal quando é que ficamos velhos? A pergunta não é nova e a muitos intriga.

As respostas das pessoas na meia-idade focam-se essencialmente nas variáveis idade e reforma (65/67 anos): “Acordamos um dia de manhã e somos velhos”. As pessoas de idade avançada, ou afirmam que ainda não são velhos porque se sentem jovens e motivados para fazer isto e aquilo, ou (se têm mais debilidade) dizem-se velhos depois do aparecimento de doenças limitantes. As crianças inevitavelmente associam-no aos seus familiares de mais idade, falando de cabelos brancos, rugas, ter netos e tempo livre para com eles brincar, ocupação com quintais e animais…

Esta multiplicidade de respostas tão focadas naquilo é uma fase de vida tardia, impede a sociedade de se aperceber de algo tão simples, mas tão importante como “Ninguém vai para NOVO!” Na verdade o envelhecimento é um processo constante na vida do indivíduo, que começa a partir do momento que cada ser existe, antes sequer de haver uma plena consciência de si, dos outros ou do mundo.

E porque é que é fundamental compreender que envelhecemos desde sempre? Para nos ajudar a decidir como queremos viver, como queremos educar os nossos filhos ou dar testemunhos construtivos para o envelhecimento das gerações futuras, como queremos chegar à última etapa do nosso ciclo de vida.

Se durante as últimas décadas a esperança média de vida dos portugueses aumentou consideravelmente (fruto da melhoria das condições de vida, dos avanços da medicina e da tecnologia, etc.), aquilo a que se assiste atualmente, ao estilo avestruz, é ao desenvolvimento de gerações que terão uma existência mais curta que a dos seus pais, devido a um estilo de vida pouco cuidado/responsável. Este tem retirado primazia a questões preventivas de doenças diversas ligadas a uma alimentação mais saudável, ao exercício físico e estimulação cognitiva. E tem popularizado comportamentos destrutivos do próprio ser humano como: o brinde ao excesso de tarefas; o stresse dos múltiplos papéis sobre exigentes e onde se tem de ser exímio executante; a falta de tempo para atividades que verdadeiramente dão sentido à existência de cada indivíduo, para si mesmo e para viver a família com qualidade; o consumo de substâncias (álcool, tabaco e drogas várias) como a forma mais cool de diversão e de aceitação pelos pares e que está cada vez mais, e assustadoramente, a ser normalizado (atenção que não há drogas duras nem leves: todas causam danos cerebrais irreversíveis. Ponto Final) e o facilitismo para se dar respostas rápidas a tudo, como se a vida fosse uma maratona. E no fundo até poderá ser uma maratona se a vivermos como tal (tudo na Vida é uma Escolha, acarretando consequências ao longo do nosso tempo de existência, e todos temos um Papel Ativo nas nossas decisões), mas será que isso se vai traduzir na velhice numa maior qualidade de vida? Ou será que depois se tem de fazer face a N problemas de saúde que vão comprometer a funcionalidade e a independência, deitando por terra e para sempre todos os planos e sonhos que se desejavam concretizar nesses anos, supostamente mais tranquilos?

A cada dia que passa observo com mais sensibilidade este fenómeno, em especial quando as pessoas idosas me relatam que os seus filhos têm uma série de limitações, ou que já faleceram devido a doenças que poderiam ser prevenidas. Ou então quando vejo os filhos sofrerem, por se verem impedidos de dar assistência aos pais na velhice, devido a problemas de saúde que os incapacitam de cuidar de si mesmos.

Chama-me ainda mais à atenção pelo facto de ser mãe, questionando-me todos os dias sobre a forma como educamos e ensinamos as crianças a viver neste mundo, sobre as ferramentas e hábitos que lhes estamos a incutir para que possam sonhar e ter um futuro. Parece-me urgente repensar as escolhas que fazemos por eles, os exemplos que lhes damos (não esquecer que se aprende mais vendo os gestos e as atitudes dos outros do que com as mensagens verbais), pois tudo isso vai influenciar todo o seu percurso de vida e o desenvolvimento (ou destruição) de toda uma sociedade.

Urge por isso a consciencialização de todos de que as nossas experiências de vida, das mais insignificantes às mais marcantes, comportamentos, hábitos, rotinas, excessos e carências, Influenciam Verdadeiramente o nosso organismo (físico e psíquico) e, por consequência, o nosso envelhecimento, espelhando-se na velhice e na capacidade de “dar vida/qualidade aos anos”, que é algo que todos desejamos.

Nesse sentido é imperioso começar-se desde já e para sempre, a transmitir como valor maior, a Sua VIDA: uma vida que é única e uma só, que é mais curta do que julgamos, e que deve ser vivida da melhor maneira em toda a sua jornada!

O meu desejo é que VIVA uma vida Longa e com Qualidade!

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