A #FIA– Feira Internacional de Artesanato – é um evento obrigatório na minha agenda de verão. Gosto de ir durante a semana e com tempo para percorrer os pavilhões da #FIL, apreciar as peças, falar com alguns artesãos, descobrir as técnicas e materiais usados, a forma como se preservam as tradições e como se adaptam ao gosto e necessidades contemporâneas. E se possível, adquirir um ou outro trabalho que se me torna mais significativo.
Este ano cumpri a tradição e mais uma vez, fiquei encantada com a mostra que revela a grande qualidade do artesanato português e a criatividade de tantos artesãos que recorrem aos materiais mais inesperados e improváveis para produzir peças extraordinariamente belas e também funcionais. Com o “desperdício zero” também se faz arte e já são muitos os que seguem essa via. É o caso da Filipa Franjoso, na sua #Friyaybyfilipa que me deixou de sorriso “de orelha a orelha” perante as suas peças feitas com conchas. Afinal tenho companhia nesta vontade de dar vida e beleza aos restos que o mar nos traz. A minha #Cacosmeuscalhaus dá os primeiros passos mas pessoas como a Filipa, uma artesã certificada que cria bijuteria orgânica,são altamente inspiradoras. Eu já seu que vou pessear os meus brincos novos com muita vaidade.
Não menos inspiradora é a Arsénia Estevens. Aos 75 anos, não perde uma oportunidade de mostrar os seus trabalhos e as tradições alentejanas através da Entretengas da Arsénia. Em aventais com as receitas da Açorda ou da Vinagrada, em sacos com quadras de elogio ao Castelo de Beja, ao Cante ou a Soror Mariana Alcoforado, em talegos de retalhos coloridos ou no cocho cheio de sementes de coentros com que presenteia os visitantes, há um pouco de Alentejo que se quer mostrar. O stand é um ponto de paragem obrigatória perante o convite manuscrito “Diga Olá”. Do outro lado está uma mulher de olhos brilhantes atrás óculos na ponta do nariz, com um sorriso rasgado e maroto, à espera da reação de quem vê o desafio. A conversa é inevitável, assim como a partilha de memórias e conhecimento. Para Arsénia, participar nas Feiras e Festas é muito mais do que vender as suas peças em que investiu tempo e dinheiro: são oportunidades de convívio, de conhecer mais gente, de fazer novas amizades. A nossa está garantida!
Na minha volta demorada, especialmente pelo Pavilhão 1 da #FIL não ppsso esquecer a conversa com o David, artesão radicado há dois anos na Ilha do Corvo (Açores) e que assumiu a missão de preservar uma das peças características do artesanato açoriano: a Fechadura do Corvo. De origem medieval, é uma fechadura com segredo e feita de madeira de cedro-do-mato, uma espécie endémica nos Açores, muito resistente às intempéries e aos insetos mas fácil de trabalhar. David conta com a ajuda de artesãos mais experientes para enriquecer o seu conhecimento e com doadores de pedaços de madeira, alguns com mais de 100 anos. Dando propósito à sua missão, uma percentagem das vendas da Fechadura do Corvo (que já chega a qualquer parte do planeta e também com funcionalidades diversas da original) reverte para a Associção Corvo Vivo, organização sem fins lucrativos que tem como objetivo salvaguardar, valorizar e transmitir o património da Ilha. No seu atelier – A Aparas de Madeira – organiza semanalmente workshops em que já participam dezenas de interessados. Boa parte são jovens estudantes e com a ajuda dos mestres artesãos, há condições para passar o testemunho.
A #FIA é uma fonte de inspiração, de transmissão de saberes, sabores e tradições e de divulgação do património. É um certame que muitas regiões e municípios aproveitam para também apresentar o seu território e os seus melhores produtos. E por isso, não admira a crescente ligação à #BTL – Bolsa de Turismo de Lisboa. Uma ligação que -penso – pode e deve ser enriquecida.
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