Artigo

IDADE

Ter idade, ter mais idade do que outras pessoas, não é ser velho. Ter mais idade não é nem pode ser sinónimo de estar gasto, ultrapassado, caquético, não é, não pode ser e nunca poderá ser razão para ser-se posto de parte, não escutado e ouvido com atenção.
O que seria deste mundo sem as pessoas de mais idade? Quem transmitira o conhecimento? Quem ensinaria a fazer as coisas bem feitas e com beleza?
Quem diria, não vás por esse caminho fácil porque é uma ilusão, porque te perderás numa falsa visão da vida e não serás capaz de descortinar as armadilhas que lá estão?
Quem irá contar as histórias das batalhas e das conquistas alcançadas e sobretudo como custou essa luta do homem? Os novos? Eles não passaram ainda pelo esforço de fazer o que nunca fora feito e que receberam como herança de gerações.
Quem construiu um mundo fruto de quimeras e lutas travadas contra o desconhecido, desbravando saberes e experiências tantas vezes frustradas que a tenacidade do homem mais experiente continuamente repetiu até vencer?
Sempre houve “velhos”, os anciãos, que pela autoridade de uma vida mais longa, ganharam, o respeito e consideração dos demais. O seu saber, o seu poder de análise e de justiça assim como as suas decisões eram respeitados.
Agora, ao chamar-se velho a uma pessoa já não há o mesmo respeito pelo seu passado, pelo trabalho que realizou e pelo testemunho que deixou. Agora, ser-se velho parece ser uma sentença um anátema que o põe para um canto.
Agora tens o direito ao teu descanso, quer queiras quer não. Agora já não vales nada, tantas vezes e infelizmente para os próprios filhos que, por muitas razões, aceitáveis e discutíveis, colocam o idoso num lar.
Sabemos pelas notícias o que vai acontecendo por falta de humanidade, por falta de fiscalização, que não seria de todo necessária, se um lar fosse verdadeiramente o que os slogans publicitários anunciaram e não veio a ser cumprido.
Um idoso é um ativo da sociedade que deve ser respeitado, acarinhado e sobretudo amado com o coração pelas pessoas que reconhecem que ele agora é aquilo que elas, qualquer dia, também serão se viverem o tempo suficiente para serem chamadas de idosas.
Idadismo, não deveria ser sinônimo de preconceito e critério baseado na idade que seleciona as pessoas mais velhas, e as impede de livremente poderem ser julgadas e aceitas como pessoas capazes para despenharem os desafios com pessoas mais novas.
Um conceito que desde sempre seleciona as pessoas e as rotula como sendo as ideais para determinadas tarefas e missões na vida, enquanto impede as restantes por serem velhas ou ainda novas demais.
Apesar de tudo o reconhecimento da pessoa que teve e continua pela sua presença a ser um testemunho válido, uma vida a quem os mais novos tudo devem, até mesmo a sua própria vida, merecia agora ser amada, respeitada e querida por todos, não por ser velha, mas porque foi um agente de mudança, de inovação e acumula como ninguém saberes, emoções e desejos de continuar a ser amada e respeitada mesmo que em alguns casos já não tenha consciência de si mesma.
ROBERTO DOMINGOS
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