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Investigação sobre risco de eventos adversos na ida dos idosos às urgências ganha bolsa europeia

Minimizar as admissões deste «grupo populacional frágil» e a inerente exposição aperigos resultantes dos cuidados de saúde é «prioridade internacional», alerta enfermeira Ângela Simões.
Um projeto que visa descrever as caraterísticas das pessoas de idade avançada residentes em lares de idosos que recorrem aos serviços de urgência hospitalares, associando-as à respetiva fragilidade e à agressividade dos cuidados de saúde em fim de vida, mereceu uma das bolsas de investigação atribuídas, em 2022, pela Sigma Europa (sociedade honorífica de Enfermagem).
“Nursing home residents in the emergency department: Characteristics, Fragility and Aggressiveness in care”
é o nome deste projeto, já iniciado pela enfermeira membro do Capítulo Phi Xi da Sigma, sediado na Escola
Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC), Ângela Simões.
De acordo com a investigadora, enfermeira especialista na Unidade Local de Saúde de Castelo Branco (Equipa Intra-Hospitalar de Suporte em Cuidados Paliativos), «a razão para transferir os residentes das estruturas residenciais para idosos (ERPI´s) para o serviço de urgência pode ser questionável», havendo «evidências crescentes [que] sustentam que muitas transferências são inadequadas ou potencialmente evitáveis», o que representa «um indicador de má qualidade da assistência em saúde, em muitos países da Europa».

Mais tempo de permanência no hospital aumenta custos de saúde
Apesar das «vantagens do atendimento no serviço de urgência (acesso a profissionais especializados, exames
complementares de diagnósticos e acompanhamento), a admissão no serviço de urgência é uma experiência
desconfortável e assustadora para os idosos frágeis». Que «aumenta o risco» de eventos adversos resultantes
da prática de cuidados médicos e de saúde, como «quedas, úlceras por pressão, delírio, infeções hospitalares e
declínio funcional», os quais, por sua vez, «aumentam o tempo de permanência no hospital e os custos de
saúde», analisa Ângela Simões.
A também docente convidada no Instituto Politécnico de Castelo Branco nota que «Portugal, de forma quase
inalterada desde 2001, é o país com mais admissões per capita nos serviços de urgência, entre os países que
constituem a OCDE», sendo que «uma grande percentagem das admissões nestes serviços é realizada por
idosos».
Para a investigadora, «os residentes em ERPI´s representam o grupo mais frágil e complexo de idosos, pela
alta prevalência de declínio funcional, mobilidade limitada e dependência, juntamente com múltiplas
comorbilidades (associação de várias doenças), altas taxas de polimedicação, alta prevalência de demência e
maior probabilidade de quedas recorrentes».
A enfermeira portuguesa conquistou a bolsa de investigação da Sigma Europa, no valor de 3 mil euros, que
servirá para apoiar o projeto “Nursing home residents in the emergency department: Characteristics, Fragility
and Aggressiveness in care”, a desenvolver no período de um ano.
«Minimizar a exposição de um grupo populacional frágil a este conjunto de riscos, através da identificação de
admissões potencialmente evitáveis, é uma prioridade internacional», alerta Ângela Simões.
A Sigma (Sigma Theta Tau International – Honor Society of Nursing) é uma sociedade honorífica de
Enfermagem, fundada em 1922, nos Estados Unidos da América, que promove atividades com vista à melhoria
da saúde das populações, através do desenvolvimento científico da prática de Enfermagem e que só na Europa
conta com onze capítulos.
O Capítulo Phi Xi, acolhido pela ESEnfC desde 2011, é composto por enfermeiros que, segundo os seus pares,
se distinguem pela excelência na área clínica, na educação, na investigação e/ou na liderança em Enfermagem
de instituições de saúde e ensino nacionais e internacionais.

Escola Superior de Enfermagem de Coimbra 

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