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Longevidade. As implicações para as nossas carreiras

ARTIGO EM DESTAQUE: “Longevidade. As implicações para as nossas carreiras”

AUTORA: CÉLINE ABECASSIS-MOEDAS

FONTE: RÁDIO RENASCENÇA

 

O aumento da esperança média de vida tem implicações profundas na gestão das nossas carreiras e na gestão das pessoas nas empresas. Em termos de vida e de carreira, o modelo tradicional com três passos – estudar, trabalhar (do 25 aos 65 anos) e reformar depois dos 65 anos – já não faz sentido.

Esta semana, a minha amiga Avivah Wittenberg-Cox, que tem mais de 20 anos de experiência como consultora no domínio do equilíbrio de géneros e de gerações, deu uma conferência na CATÓLICA-LISBON sobre o impacto da longevidade sobre as carreiras e as empresas. Partilho aqui o meu resumo desta conferência.

Primeiro, a longevidade é uma mudança recente. Neste último século, passámos de uma esperança de vida de 50 anos para quase o dobro! Segundo as Nações Unidas, estima-se que o número de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos duplique até 2050 e mais do que triplique até 2100. No mundo rico, metade da população vai viver até os 100 anos.

Esta mudança tem implicações profundas na gestão das nossas carreiras e na gestão das pessoas nas empresas. Em termos de vida e de carreira, o modelo tradicional com três passos – estudar, trabalhar (do 25 aos 65 anos) e reformar depois dos 65 anos – já não faz sentido.

É por isso que Avivah Wittenberg-Cox sugere uma perspetiva alternativa, a que apelidou de “Four Quarters” (os quatro trimestres), e que desenvolveu com base em informação recolhida durante décadas de formação e dezenas de entrevistas realizadas a pessoas que transitam entre diferentes fases das suas vidas.

O primeiro “quarter” (0-24 anos) é a fase de formação e maturação, o momento para aprender, explorar e crescer em múltiplas dimensões – física, relacional e intelectualmente; o segundo (25-49 anos), é a fase de crescimento e realização (a nível profissional e pessoal), a que normalmente apelidamos de “fase adulta”; o terceiro (50-74 anos) é a fase da transformação e de maturação; e, finalmente, o último “quarter” (75-100 anos), a fase de “harvest”, ou seja, o momento de colhermos aquilo que passamos a vida inteira a semear.

Este novo modelo parece-me particularmente importante para uma pessoa como eu que passou recentemente do segundo para o terceiro trimestre (uma maneira elegante de dizer que já tenho mais de 50 anos…).

Este terceiro trimestre é provavelmente o mais recente neste mundo da longevidade. Avivah Wittenberg-Cox considera este “quarter” como a nova peça do puzzle da longevidade.

Os anos extra de vida que ganhamos, com boa saúde e condição, permitem-nos ter uma carreira mais longa ou até múltiplas carreiras.

Alguns podem continuar na mesma carreira e tornarem-se mestres das suas áreas, como fazem os grandes médicos, por exemplo. Outros podem decidir mudar completamente de carreira para retomar interesses pessoais do passado. Outras pessoas gostam da ideia de construir uma carreira portfolio feita de posições não executivas e consultadoria, por exemplo. Obviamente, há pessoas que decidem reinventar-se completamente.

Quem chega aos 50 anos gosta de saber que tem ainda muitos anos de carreira potencial, provavelmente num modelo e formato diferente, mas sem dúvida com mais propósito e alinhamento pessoal. Vamos ter de refletir também sobre a gestão das pessoas nas empresas neste novo contexto.


Céline Abecassis-Moedas, diretora da Formação de Executivos da Católica Lisbon School of Business & Economics

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