Artigo

#FALEMOSDEDEMENCIA

O estatuto do cuidador informal foi aprovado, na Assembleia da República, há um ano. Contudo, só em junho foi dada a possibilidade aos cerca de 800 000 cuidadores informais de se candidatarem ao estatuto. Estima-se que cerca de 240 000 pessoas sejam cuidadoras informais a tempo inteiro.

Até 31 de agosto, de acordo com as informações veiculadas pelo gabinete da ministra do Trabalho, da Solidariedade e da Segurança Social, Ana Mendes Godinho, foram apresentados 1340 requerimentos, tendo sido aprovadas 200 candidaturas…

Números que ficam muito aquém das expetativas e que obrigam a pensar numa estratégia que combine dois pilares fundamentais: mais informação e menos burocracia. Urge a simplificação do processo de requerimento do estatuto do cuidador informal.

As associações de pessoas doentes e de cuidadores, bem como outras organizações do terceiro setor (IPSS, Misericórdias…) poderão ser parceiros relevantes na divulgação e difusão da informação porque estão próximas das pessoas e conhecem bem as suas necessidades.

O Ministério da Trabalho, da Solidariedade e da Segurança Social, quando ponderou a criação dos gabinetes de apoio aos cuidadores, deveria também ter chamado para participarem, como efetivas parceiras, as entidades que desenvolvem, todos os dias, há muitos anos, na comunidade, trabalho com as pessoas com demência, com os cuidadores informais e formais, com familiares e amigos.

Estima-se que em Portugal existam cerca de 200 000 Pessoas com Demência e que esse número irá triplicar até 2050, chegando a mais de meio milhão de pessoas em Portugal e a cerca de 135 milhões em todo o mundo.

Nós, no Centro Apoio Alzheimer Viseu, já temos programadas ações de capacitação para os cuidadores de pessoas com demência, de modo a contribuirmos para a simplificação da informação e facilitarmos o acesso ao estatuto. Não faria sentido que a Segurança Social dialogasse com entidades, como a nossa, que fazem das “tripas o coração” para melhorar a qualidade de vida das pessoas com demência, dos seus cuidadores, familiares e amigos?

Torna-se difícil aceitar que não sejamos considerados, quando, na verdade, ainda que com enormes limitações e parcos recursos, somos responsáveis por muitos apoios recebidos por centenas de pessoas.

Nem sequer vou dissertar, neste artigo, pela tristeza que sentimos pelo facto de três anos depois, nunca termos sido notificados quanto à candidatura que fizemos para a criação de uma Unidade de Qualidade de Vida para Pessoas com Demência, no âmbito do Programa de Celebração ou Alargamento de Acordos de Cooperação para o Desenvolvimento de Respostas Sociais (PROCOOP).

Não raras vezes, são dadas como desaparecidas pessoas com 65 ou mais anos. Esta situação torna-se ainda mais preocupante quando as pessoas mais velhas vivem com demência. A Associação Alzheimer Portugal deu nota do desaparecimento de pessoas com demência após estas darem entrada sozinhas em unidades de saúde porque, devido à pandemia provocada pelo Covid-19, não é permitido o acesso dos seus acompanhantes.

Esta pandemia afeta, como alerta a Alzheimer´s Disease International (ADI), as pessoas com demência desproporcionalmente e estas correm o risco de serem esquecidas. Precisamos, mais do que nunca, de falar de demência.

UM FORTE APLAUSO PARA A MAIS RECENTE CAMPANHA DA ALZHEIMER PORTUGAL “ÀS VEZES, O QUE PARECE UMA DESPEDIDA, PODE SER UM RECOMEÇO”:
Ivo Canelas, Mariama Barbosa, Rita Brutt, Sandra Santos, Sara Norte e Vitor Norte são as caras desta campanha, onde surgem imagens que parecem ser de despedida, mas que acabam por se transformar em recomeços, indicando que a Alzheimer Portugal está disponível para ajudar no recomeço após o diagnóstico. Ana Bola e o Dj e Produtor Branko participam com voz e música, respetivamente. BRAVO!

Lanço o repto, na peugada da campanha da ADI “Let´s talk about dementia”, durante o mês de setembro: #FalemosDeDemencia. Exijamos do Governo mais apoios para as pessoas com demência e para os seus cuidadores. É necessário agir urgentemente!

Agir nas 7 áreas de atuação consideradas prioritárias no Plano de Ação Global para as Demências 2017-2025, aprovado pela Organização Mundial de Saúde (OMS): 1) Demência como uma prioridade de Saúde Pública; 2) Consciencialização para a Demência e criação de sociedades amigas das pessoas com demência; 3) Redução de Risco de Demência; 4) Diagnóstico, Tratamento e Apoio nas Demências; 5) Apoio aos cuidadores de Pessoas com Demência; 6) Disponibilização de informação sobre Demências; 7) Investigação e Inovação nas Demências.

#FalemosDeDemencia

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