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Suíça: o país que trabalha para ser o “vale da longevidade” mundial

Com 19% da população com 65 ou mais anos de idade, a Suíça é um dos países no mundo com maior esperança média de vida. Reúne um conjunto de fatores que lhe permitem ambicionar ser o “vale da longevidade” a nível global já daqui a três anos

Em 2020, a esperança média de vida à nascença na Suíça atingiu os 83,2 anos de idade, segundo dados do Eurostat. Este valor é superado na Europa apenas pela Noruega, de forma ligeira (83,3 anos). O país poderá vir a tornar-se no “vale da longevidade” mundial em 2025. Mas, afinal, o que o distingue?

A Suíça é um dos países mais ricos da Europa: é um grande centro financeiro internacional, especialmente devido ao setor dos serviços. Além de um sistema de saúde universal e reconhecido como um dos melhores a nível mundial, nomeadamente ao nível da medicina preventiva e de precisão, também a habitação e a educação contribuem enquanto fatores relevantes para a qualidade de vida no país.

Com a diminuição da taxa de natalidade, em simultâneo com o aumento da esperança média de vida, a Suíça tem consciência do desafio demográfico que enfrenta. Em 2020, a percentagem de pessoas com 65 ou mais anos no país atingiu os 19%, de acordo com dados do Banco Mundial. Na Suíça, a longevidade já é encarada como uma indústria, com centenas de empresas, investidores, centros de investigação e organizações governamentais e não-governamentais dedicados ao tema.

O termo “vale da longevidade” (em inglês, “longevity valley”) surge associado a Silicon Valley, a região da Califórnia, nos Estados Unidos, onde se situam as grandes empresas de tecnologia. O alto desenvolvimento tecnológico que é característico da Suíça é um dos principais motores de desenvolvimento para o setor da longevidade. Além do elevado investimento em biotecnologia, o país é reconhecido pela integração da inteligência artificial nos seus sistemas económicos, financeiros e de saúde. Na área da inovação, destaca-se a integração no BioValley, o principal cluster de ciências da vida da Europa, a que também pertencem França e Alemanha.

TRÊS PILARES

Será necessário um conjunto de sinergias para que a Suíça se torne o “vale da longevidade” mundial, com base em três pilares: as áreas financeira, tecnológica e política. Enquanto centro financeiro da longevidade, o objetivo passa por servir de plataforma global para a economia, com foco nas necessidades e na criação de novos modelos de negócio com recurso à inteligência artificial, de forma a aumentar a longevidade saudável.

Na área da tecnologia, uma colaboração estreita entre a academia e a indústria permitirá que as empresas cresçam e atraiam novos investimentos e talentos, encontrando soluções para as questões relacionadas com o envelhecimento. Isto porque, com o aumento da longevidade, surge a necessidade da criação de produtos e serviços inovadores que se adaptem à idade da população, o que promove novos negócios (age tech).

Tudo isto só será possível contando com uma política governamental que encare o envelhecimento da população não como um problema, mas como uma oportunidade de desenvolver novas estratégias adequadas à realidade, nomeadamente com políticas progressivas para o sistema de pensões, um ecossistema de companhias de seguros, o apoio à investigação e a contínua aposta no sistema de saúde.

Para concretizar o objetivo de ser o “vale da longevidade” mundial, aproveitando todo o potencial existente, o país conta com a Fundação Suíça para a Longevidade, uma organização sem fins lucrativos que se propõe construir a estratégia nacional para a área, articulando os diversos parceiros e organizações. Com este trabalho coordenado, a Suíça espera vir a liderar a economia da longevidade a nível mundial muito em breve.

 

FONTE: Sofia Correia Baptista  Expresso

 

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