A maioria de nós deseja alcançar a longevidade, não é verdade?
No entanto, poucos constroem um edifício sólido ao longo da vida. E é por isso que uma parte das pessoas 60+ têm dificuldade para lidar com essa fase.
Muitos dizem que se sentem desajustados, inadaptados e incapazes de lidar com os desafios que o processo de envelhecimento nos traz. Constatam que suas estruturas estão sendo demolidas .Percebem que o seu saldo não está positivo.
Mas o que seria um saldo positivo? Ausência de doenças? Talvez não, embora seja desejável.
É preciso ter lucidez para compreender que uma boa parte delas são multicausais e/ou inevitáveis.
Logo, podemos e devemos investir nos tijolos da prevenção, mas também precisamos estar preparados para aceitar os imponderáveis da vida, já que um furacão pode surgir e demolir toda a nossa construção.
Acredito que o saldo positivo está mais relacionado com a satisfação pessoal ao perceber que ao longo da vida você aproveitou todas as possibilidades para desenvolver-se e tornar-se uma pessoa melhor nos diversos domínios, como o emocional, o físico e o espiritual, entre outros. E se a vida lhe trouxe alguns desafios inesperados, tudo bem, pois você aprendeu que não pode controlar tudo.
Acredito também que a velhice pode ser bela para aqueles que viveram cada dia com consciência e se preparam fisiologicamente, psicologicamente, financeiramente e socialmente para viver de forma satisfatória a sua longevidade. Mas também pode ser uma fase marcada por dependência, decepções, frustrações e tristezas quando não há planejamento do futuro.
Mas Juliana, você é especialista em gerontologia e está desconsiderando os fatores econômicos, educacionais, culturais e políticos que influenciam a qualidade de vida na velhice?
Não! De forma nenhuma! Reconheço que todos eles têm um importante e determinante papel quando pensamos no envelhecimento do ponto de vista social.
É considerando esses fatores que invisto parte do meu tempo na militância e participo de movimentos como o Stop Idadismo (Portugal) e Velhices Cidadãs (Brasil), que buscam contribuir para a eliminação de estereótipos, preconceitos e discriminações contra as pessoas idosas, além de subsidiarem a construção de políticas publicas para o envelhecimento ativo, saudável e inclusivo.
Mas sim, eu estou valorizando tudo aquilo que podemos fazer por nós mesmos ao longo deste processo de envelhecimento, pois a longevidade é construída por muitos pilares e um deles é a autorresponsabilidade. Se eu me auto- abandono, não haverá política pública que reconstrua as minhas bases.
E você? Está fazendo bons investimentos para o seu futuro?
Convido você a ler meu artigo anterior “Os segredos para a longevidade com qualidade de vida”. Eu tenho certeza que ele pode te ajudar em sua caminhada.
Comentários recentes