Artigo

“Quadro Contado” – “Deus dos Sentidos”

A Humanidade cresceu e evoluiu através da complementaridade de dois vectores de significativa abrangência: o universo racional e o universo emocional. Do equilíbrio (ou desencontro) destes dois elementos (ao nível particular, do quotidiano de cada um, ou a um nível universal) se tem construído a História e a Cultura, se têm movido e consolidado as grandes Religiões e Filosofias, as Civilizações e as Culturas, enfim, a HUMANIDADE.

A criação artística em particular vive tantas vezes subjugada aos ditames do critério da análise crítica, nomeadamente face ao resultado estético ou conceptual do gesto criativo: o que pesa mais no horizonte da criatividade humana, o universo racional ou o emocional?

O quadro que vos apresento nesta proposta intitula-se “Deus dos Sentidos”, e é uma aguarela que pintei já lá vão décadas, que me provoca uma reflexão tanto filosófica quanto antropológica, na procura de explicações para o acto criativo e para a manifestação do pensamento humano (desde as pinturas nas cavernas do Paleolítico até aos nossos dias).

Poderá cada um de nós ajuizar com rigor as emoções ou pensamentos que se encadeiam ou conjugam mentalmente minuto após minuto num quadro espacio – temporal de um criador plástico, para se traduzirem paulatinamente numa obra de arte para usufruto público?

O acto criativo será tão só o resultado de uma avalanche de emoções rasgadas e expostas, a recriação da obra divina transformando-se em um novo ser, o produto de uma reflexão conceptual carregada de princípios, causas e efeitos?

A mente humana e os seus recônditos espaços e misteriosos reflexos ainda continuam e continuarão a ser fruto de descobertas e espaço de manobra para “aventuras” científicas e psicológicas de insuspeita profundidade.

Por entre as intrincadas autoestradas dos neurónios da mente humana escondem-se ainda segredos que apenas o “Deus da Vida” é profundo conhecedor. Será capaz o Homem, na sua infinita ânsia de procura e criatividade, alcançar outras profundezas da mente e colocar esses mundos ainda desconhecidos ao serviço do progresso, da arte e da criatividade? Estaremos próximos de desvendar onde começam os problemas mentais que nos afastam da realidade desejada?

Gostaria de responder-vos aqui a estas e outras questões, gostaria de abrir-vos a porta para alguns dos segredos da Mente Humana, mas infelizmente não sou capaz. Apenas deixar-vos o pedido para que interpretem esta minha antiga aguarela á luz destas mesmas questões.

Que o “Deus dos Sentidos” me preserve e em vós leitores durante algum tempo mais o sentido do rigor, da clarividência e da harmonia, são os meus grandes desejos por agora.

CARLOS ALMEIDA – PROFESSOR

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