Artigo

A depressão na pessoa idosa… consequências de um envelhecimento mal sucedido

A depressão é uma doença silenciosa que, segundo dados veiculados pela Organização Mundial de Saúde, afeta mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo. Estima-se que anualmente em Portugal, cerca de 400 mil pessoas sejam afetadas por esta doença.

Na idade avançada, os números mantêm-se preocupantes: nos países desenvolvidos, 11% a 13% das pessoas idosas inseridos na comunidade desenvolveram depressão, enquanto que se olharmos para esta população hospitalizada ou institucionalizada, cerca de 40% da mesma padece de depressão.

Face a estes dados, é importante elaborar uma reflexão sobre as causas que possam estar na origem desta problemática.

O avançar da idade, proporciona ao indivíduo um conjunto de desafios. Desafios esses que podem constituir-se como potencialidades ou barreiras, mediante a forma como os enfrenta. Talvez os desafios mais marcantes sejam a entrada na reforma, a perda de estatuto/papéis sociais, a condição médica e a reestruturação familiar.

atualmente, em Portugal a idade de acesso à pensão de reforma encontra-se nos 66 anos. Chegada a esta idade é altura de pedir o referido subsídio. Nesta fase, o indivíduo, de uma forma repentina, deixa de trabalhar, fazendo com que aumente exponencialmente o seu tempo livre. Este súbito aumento de tempo livre, pode acarretar desafios para o indivíduo se o mesmo não conseguir preencher, convenientemente, esse mesmo tempo, seja com atividades desportivas, recreativas, culturais ou familiares.

É, também, expectável que a pessoa idosa passe por uma progressiva perda da sua condição de saúde resultante do surgimento de patologias várias (ou agravamento das existentes).

O mais substancial desafio imposto à pessoa idosa, poderá constituir-se pela perda de estatuto e do papel desta na sociedade, bem como pelo falecimento de familiares e amigos próximos. Esta imposição levará a uma progressiva perda de relações afetivas e sociais, conduzindo ao isolamento e condicionando em larga medida a saúde mental do idoso.

Como o leitor compreenderá, o contínuo processo de envelhecimento encontra-se repleto destes (e de outros) desafios que podem precipitar o desenvolvimento de quadros depressivos, mais ou menos severos, consoante a maneira como o idoso enfrenta esses mesmos desafios.

Em suma, importa salientar a necessidade de realizar uma avaliação minuciosa ao idoso, de forma a identificar todos os possíveis sinais de sintomatologia depressiva. Iniciando, assim, um conjunto de orientações ajustadas ao problema, com o objetivo último de promover a qualidade de vida da pessoa idosa.

 

Marcelo Costa

Psicólogo Clínico | Diretor Técnico de IPSS | Presidente RSDHEAS Portugal

marcelocosta10@live.com.pt

548 views
cool good eh love2 cute confused notgood numb disgusting fail