Os delírios e alucinações são manifestações comuns na Doença de Alzheimer e podem acarretar diversos problemas. A pessoa com demência pode sentir-se insegura e desconfiada, o que resulta em agitação e agressividade.
Com isso, o cuidador também sofre, pois tende a sentir-se frustrado, triste, estressado e inseguro. Portanto, é preciso aprender a lidar com mais esse desafio pelo bem do idoso e do próprio cuidador.
Esses problemas tem como características as interpretações equivocadas da realidade e as experiências sensoriais que são vivenciadas apenas pela pessoa com Alzheimer. Ou seja, elas não são vivenciadas pelas pessoas ao redor.
A seguir, eu vou explicar com mais detalhes o que são essas manifestações e como lidar com elas.
O que são os delírios?
Acredita-se que os delírios surgem como consequência dos danos que estão ocorrendo no tecido cerebral. Eles caracterizam pela incapacidade de discernir entre o que é real e o que é fantasia. A pessoa passa a acreditar em determinadas idéias falsas uma vez que o juízo crítico está prejudicado.
Vale dizer que eles podem ser auto dirigidos ou direcionados a outras pessoas. Vejamos alguns exemplos:
Autodirigido
A pessoa acredita que um “bicho” está comendo ela por dentro, que ela está apodrecendo, que ela é uma pessoa ruim ou que está transmitindo alguma doença para outras pessoas, por exemplo.
Dirigido aos outros
Ela pode estar convicta de que determinadas pessoas estão tentando fazer algum de ruim contra ela; que está sendo roubada, que estão colocando veneno em sua comida, entre outras situações. O resultado disso são desconfianças e atitudes acusatórias em relação às pessoas que convivem com ela.
O que são as alucinações?
As alucinações são sintomas que surgem em decorrência de diversas causas. Entre elas estão: a própria demência, determinadas medicações e certas condições clínicas. Como exemplo destas últimas estão as infecções, as dores, a desidratação e o delirium ( que é uma outra condição de base fisiológica).
Elas se caracterizam pelas experiências sensoriais que são reais para a pessoa com demência, mas que não são vivenciadas pelos outros. Ouvir vozes estranhas, ver pessoas que já morreram ou animais que não estão presentes no local, sentir cheiro e gostos de coisas que não foram colocadas em seus alimentos são alguns exemplos.
A essa altura da nossa conversa você deve estar se perguntando…
Quando devo intervir ?
Bom, que fique bem claro! Você só deve intervir quando esses sintomas incomodam o idoso ou trazem riscos tanto para ele quanto para as pessoas ao redor. Portanto, se você perceber que o idoso se sente bem “conversando” com alguém que já morreu, nada de ficar desesperado. Acalme seu coração!
E como devo agir nestas situações?
Primeiro eu vou destacar quais atitudes você deve evitar e depois quais você deve adotar quando estiver diante das alucinações e dos delírios em pessoas com Alzheimer. Combinado?
O que evitar?
Negar a situação: jamais diga que é coisa da cabeça dela. Lembre-se de que a experiência é real para quem está vivenciando.
Discutir: uma das piores coisas que você pode fazer nestes momentos é brigar. Além de causar estresse, será em vão. Essa pessoa não tem uma chavinha que ela possa acionar e ligar a mente novamente na realidade.
Confrontar: isso pode causar raiva e desencadear episódios de agressividade, os quais colocarão ambos em risco. Lembre-se, você jamais deve confiar nessa pessoa quando ela está agressiva. Ela pode prejudicar a você ou a si própria.
Sussurrar: falar baixo demais causa desconfiança e induz uma percepção equivocada sobre você.
Que atitudes adotar?
Agir naturalmente: ainda que você esteja preocupada, mantenha um tom de voz calmo e um olhar empático e amoroso. Sim! É preciso exercitar esse tipo de comportamento.
Tranquilizar a pessoa: afirme que você está ali para garantir a segurança e que nada de ruim vai acontecer. Ela precisa acreditar nisso.
Transmitir segurança: evite demonstrar medo, raiva ou qualquer tipo de abalo emocional. Essa pessoa precisa sentir-se segura para que seus ânimos sejam acalmados.
Investir na distração: como a memória dessa pessoa está prejudicada, você pode facilmente direcioná-la para prestar atenção em outra coisa. Experimente!
Dizer que está afastando o “perigo”: “mate” a barata, “expulse” aquela pessoa da sua casa. Na maioria das vezes fingir que está fazendo essas coisas resolve o problema.
Embarcar na viagem: se ela está conversando com uma pessoa que já morreu, com a boneca ou com um animal que não existe, entre na brincadeira com bastante humor. Jamais se irrite com isso!
Comunicar o fato ao médico: converse com o médico, pois esses sintomas podem estar ocorrendo como consequência de determinados medicamentos ou condições clínicas, como já foi dito acima.
Concluindo esse artigo, eu não posso deixar de dizer que antes de imaginar que tudo isso é fruto da imaginação da pessoa com Alzheimer, é importante adotar uma atitude preventiva.
Analise se realmente o que ela diz é fruto da fantasia ou se de fato está acontecendo. Ok?
Às vezes a pessoa está sofrendo maus tratos, sendo roubada ou sentindo algum desconforto e não sabe expressar isso adequadamente. Portanto, esteja sempre atento antes de julgar precipitadamente essas situações.
Você já passou por situações assim? Então compartilhe suas experiências conosco!
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JULIANA BENEVIDES
Idealizadora da Mentoria S.O.S Alzheimer
Doutoranda em Bioética e Saúde
Mestre em Saúde Coletiva
Especialista em Saúde da Pessoa Idosa e Gerontologia
Tudo que você fala no texto tá correto já vivenciei com minha mãe hoje ela já estar mais calma agora acamada e tive q aprender sozinha como lidar em cada fase. Assistindo palestras e lendo isso me ajudou muito em como lidar no dia a dia com ela e graças à Deus sempre tive muita paciência.
Parabéns, Leide!
O conhecimento sobre a doença e as formas de lidar com ela é fundamental.
Desejo luz em seus caminhos.
gostei sim muito da matéria,aprendi mais um pouco desta doença,e quero mais ainda ter experiência,tudo é uma aprendizagem e faz parte da nossa história….