No dia 6 de janeiro, o Instituto de Métrica y Evaluación Sanitaria publicou um estudo, na revista The Lancet, sobre as previsões de prevalência da demência em 204 países. Estima-se que 57 milhões de pessoas viviam com demência em 2019, um número que triplicará em 2050, afetando 153 milhões. Estes números reforçam os dados divulgados pela Alzheimer´s Disease International, no Relatório Mundial sobre a doença de Alzheimer (2015). Um crescimento explicável pelo crescimento e envelhecimento da população mundial e também por fatores de risco como o tabagismo, a obesidade, o consumo de álcool, o sedentarismo, a solidão e o isolamento.

Avanços importantes: aprovação da Estratégia da Saúde na Área das Demências (2018); Estatuto do Cuidador Informal (2019); aprovação dos Planos Regionais da Saúde para as Demências (2021). Passos na direção certa, mas muito lentos e, de certo modo, ziguezagueantes. Defendo que Portugal deve ter, mais do que uma Estratégia da Saúde (obviamente positiva), um Plano Nacional para as Demência que permita desenhar uma intervenção integrada e articulada que envolva a área da saúde, social, os municípios, o terceiro setor e as famílias. Em 2017, os Estados Membro da OMS aprovaram, por unanimidade, o Plano de Ação Mundial da OMS sobre a resposta às demências, acordando aplicar planos nacionais de demência que incluam estratégias de prevenção e redução de riscos e compromissos de financiamento da investigação e da inovação. Apenas 37 Estados membros implementaram os seus planos. A demência é a sétima causa de morte no mundo, afeta a pessoa doente, mas também o cuidador, a família e a comunidade. A inação não é a solução! Fazem falta campanhas de informação e sensibilização a nível nacional e regional. Demasiadas pessoas não sabem que a demência não é uma consequência inevitável do envelhecimento e que, através de um estilo de vida saudável, podem ser prevenidos ou atrasados cerca de 40% dos casos.

José Carreira

Texto originalmente publicado no Jornal da Beira