A gente sabe que não é de hoje que a teledramaturgia aborda a discriminação etária contra as pessoas idosas e ontem, eu me lembrei de uma cena muito simbólica com a atriz Ângela Vieira, que acaba de completar 70 anos. A cena foi ao ar em 2019, em um capítulo da novela ‘Bom Sucesso’, da TV Globo.
Vamos começar pelo óbvio:
Um tipo muito comum de discriminação etária embasa o forte embate entre mãe e filha: o etarismo interpessoal.
O etarismo interpessoal ocorre quando uma pessoa usa estereótipos e preconceitos para fazer pressuposições e orientar seus sentimentos e suas atitudes em relação a uma pessoa com idade diferente (no caso, uma pessoa mais velha).
Eugênia, a filha, não consegue conceber uma visão afirmativa da mãe, Vera, voltando ao mercado de trabalho depois de muitos anos afastada, e se comporta de forma abusiva.
Agora vamos ao lugar que não é tão óbvio assim. Vamos falar do etarismo interpessoal benevolente.
Apesar do preconceito, repare que Eugênia não deseja mal à Vera. Pelo contrário, ela tem absoluta convicção de que está fazendo o melhor para a mãe quando, sem consulta-la, decide declinar uma oferta de trabalho que Nana faria.
Para piorar a situação, ela encerra a conversa com Nana decidida a manipular a mãe para que ela desista da ideia de trabalhar e volte à antiga rotina com o marido.
A cena também mostra que a personagem de Nana, ex futura empregadora, acolhe a decisão da amiga de declinar a oportunidade para a mãe, sem antes consulta-la. A atitude da personagem demonstra que ainda admitimos a discriminação por idade e a violação do direito da pessoa idosa ao trabalho.
Mas o ponto alto da cena é mesmo quando Vera, plenamente capaz de reconhecer a atitude abusiva da filha, sobe o tom e deixa claro que não vai admitir ser desrespeitada nem tratada como uma pessoa incapaz.
O neto adolescente nos lembra que o primeiro contato que um indivíduo tem com crenças limitantes acerca das pessoas idosas, normalmente acontece no próprio núcleo familiar.
A segurança com que Eugênia, mãe do adolescente, acusa Vera sugere que não o seu preconceito não é recebte e que, é bem provável, que o filho tenha crescido ouvindo comentários dessa natureza.
Apesar disso, o jovem concorda com a avó e manifesta sua admiração, indicando que apesar das nossas referências, sempre é tempo para desenvolver uma mentalidade inclusiva, que não limita as pessoas pela idade que elas têm.
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Head de Longevidade Way Educação | CEO WeAge Educação | Eleita Melhor Mentora do Hacking.Rio 2021 | Professora FGV | Pesquisadora COPPE/UFRJ | Colunista Estadão | Palestrante TEDx | Autora ‘Trabalho e Longevidade’