Respeito à diversidade etária pode fortalecer empresas em tempos de crise
Nossa população 50+ passou de 54 milhões em 2020, o que representa cerca de 25%. No entanto, essas pessoas sofrem com a exclusão no mercado de trabalho, que, de forma geral, insiste em focar nos mais jovens, perpetuando o preconceito etário.
Perde-se assim a oportunidade de ter maior diversidade no ambiente de trabalho. Diferentes gerações, quando integradas, podem se completar e se ajudar, o que traz inovação às empresas, além de maior capacidade de entender e atender o crescente público consumidor maduro.
Não é novo o êxodo dos 50+ do mercado de trabalho. Ao contrário do que deveriam, as empresas frequentemente reforçam o etarismo.
A saída dos “maturis” do mercado traz muitos impactos. Segundo o Fed (Federal Reserve, banco central americano), a aposentadoria dos “baby boomers” (geração nascida após o fim da Segunda Guerra Mundial) pode causar um declínio de 2,8 pontos percentuais no aumento da produtividade entre 2020 e 2040.
O envelhecimento no Brasil será mais rápido do que em países como França e EUA. A inversão da pirâmide fará com que as equipes venham a ser formadas por pessoas de 20 a 70 anos. Já em 2040, 57% da força de trabalho no nosso país será composta por pessoas com mais de 45 anos.
Estimular a cooperação entre gerações pode minimizar conflitos no ambiente de trabalho. Para tal, em primeiro lugar, é importante falar sobre o assunto. Em minhas palestras de sensibilização sobre integração geracional e diversidade etária, percebo que a demanda pelo assunto tem aumentado bastante. O interesse no tema não significa necessariamente a inclusão de colaboradores 50+, mas indica uma tendência.
Enquanto os mais jovens valorizam tarefas técnicas, flexibilidade de horário e propósito, os maduros priorizam relações no ambiente de trabalho, cultivam as habilidades socioemocionais e apresentam um alto comprometimento com a organização.
O encontro de gerações pode dar às empresas oportunidades para se fortalecer em tempos de crise. Para isso, é preciso adotar práticas de gestão de pessoas que respeitam essa diversidade etária.
É também necessário acabar com políticas de aposentadoria compulsória, rever planos de carreira e benefícios, e planejar saídas humanizadas.
É ainda fundamental adotar aprendizagem ao longo da vida. Buscar atualização, ter à mão um plano B e saber atuar por conta própria são cruciais para se manter no mercado ou para buscar novas fontes de renda e ocupação, assim como fazer networking e praticar o autoconhecimento.
Os “maturis” também devem buscar alternativas, já que a tendência é que o emprego formal seja cada vez mais escasso, enquanto novas possibilidades surgem.
Todos somos responsáveis pelo combate ao preconceito etário na sociedade e no mercado de trabalho, onde a idade começa a pesar cedo, sobretudo para as mulheres. Combater o etarismo é obrigação dos indivíduos, empresas e do poder público.
FOTO: Cooperação entre gerações pode fortalecer empresas em tempos de crise –
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