Devemos encarar o envelhecimento como uma experiência positiva, investindo no bem-estar físico, social e mental ao longo da vida e não apenas quando a idade começa a pesar. Neste Dia Internacional das Pessoas Idosas deixo um conselho: procure o seu médico!
Numa altura da história das sociedades em que o aumento da longevidade da população coloca inúmeros desafios coletivos e individuais, a atenção para o envelhecimento humano, além das inevitáveis implicações decorrentes da acção do tempo no funcionamento dos órgãos, concentra-se cada vez mais na procura de soluções para que esse processo não signifique necessariamente perda de saúde e, sobretudo, de bem-estar.
A ciência entende o envelhecimento como um período específico do ciclo de vida, com um conjunto particular de características, sujeito a múltiplas determinantes e dotado de grande heterogeneidade. A investigação científica reúne evidência crescente e robusta de suporte para intervenções que sejam capazes de influenciar o processo de envelhecimento dos tecidos do organismo, permitindo a conservação de um estado de funcionalidade e saúde.
Teremos a percepção fácil de que cada pessoa envelhecerá à sua maneira, como que a um ritmo próprio e que, por isso, quanto mais velhos formos, mais diversos nos apresentamos em relação à nossa condição de saúde. É comum conhecermos idosos, com a mesma idade, em extremos de realidade: uns, independentes, ativos, autónomos nas suas deslocações e outros, acamados, com défices múltiplos e dependentes do apoio de terceiros para os cuidados mais básicos. O que levou cada grupo a tal situação? Com certeza que as escolhas feitas ao longo da vida foram determinantes.
Com um número crescente de idosos que nos mostram, por todo o mundo, ser possível envelhecer com sucesso e superar metas impensáveis, como estender a ponte para o potencial latente de cada um e apoiar a população com estratégias que permitam gerir bem os ganhos e as perdas do envelhecer?
Comunicar ciência – este é o caminho! Contribuir para que a literacia nesta área seja também uma base onde cada um estabelece as suas próprias prioridades em relação às necessidades de saúde e bem-estar, automobilizando-se na direção mais adequada. Não é por acaso que o tema “Envelhecimento e vida saudável” vai estar em discussão, dia 20 de outubro, nas “I Jornadas da Unidade da Família CUF”, por parte de médicos de Medicina Geral e Familiar e especialidades convidadas. É fundamental os médicos desenvolverem entre si o debate e a partilha de conhecimento de práticas em saúde mais eficazes e eficientes, de forma a poderem ser agentes de mudança junto das pessoas que os procuram.
Na multiplicidade de oportunidades para melhorar os hábitos alimentares, aumentar a prática de exercício físico, deixar de fumar, gerir as horas de sono, investir tempo na companhia daqueles que nos são importantes e em novos desafios, estamos sempre a tempo de usufruir de uma vida mais saudável, focada e consciente, em prol de um futuro mais pleno.
Neste sentido, devemos encarar o envelhecimento como uma experiência positiva, procurando investir no bem-estar físico, psíquico, mental e social ao longo de toda a vida, e não apenas quando nos sentimos “velhos”. Afinal queremos mais anos de vida, mas com qualidade.
Coordenadora da Unidade da Família da Clínica CUF Alvalade
FONTE: Diário de Notícias
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