Artigo

O olhar da pandemia desde do outro lado do oceano….

Carolina: Laura, Nasceste no Paraguai, mas agora estás a viver no Chile. És mãe de um menino de 1 ano e 3 meses, és esposa e estás a terminar o curso de assistente social.

Conta-me como foi convosco, quando olhavam pela televisão o que se estava a passar na Europa com a situação do Covid-19. O que sentiste e que precauções tiveste para protegeste a ti e aos teus?

Laura: Inicialmente víamos como se fosse algo muito distante, visto que na América do Sul não existiam casos confirmados. Mas estávamos sempre atentos ao que acontecia na Europa e no Mundo.

Os cuidados que tinha inicialmente eram a limpeza da casa e a redução do número de visitas dos familiares, visto que estávamos a terminar as férias e, dentro de pouco tempo, iríamos começar a trabalhar e a estudar.

Carolina: De uma forma geral como viveram esta crise no teu país?

Laura: Por aqui era todo normal. Ninguém falava sobre o tema, até que apareceu o primeiro caso no final de fevereiro. Foi bastante mediático, visto que ninguém sabia como enfrentá-lo. A partir desse primeiro caso, é que foram aparecendo outros novos casos. Não tínhamos muita informação sobre como enfrentar o vírus.

Carolina: Na tua perspetiva enquanto Assistente Social, o que foi feito no âmbito do serviço à comunidade?

Laura: Desde do primeiro momento em que as autoridades divulgaram o primeiro caso confirmado, a área social foi um suporte muito importante para toda a comunidade. Como trabalhadores sociais tratamos de dar soluções pertinentes para se resguardarem do vírus.

Por aqui os Assistentes Sociais tratam de intervir o mais rapidamente possível, visto que mais de 50% da população ficou sem trabalho. No entanto, receberam-se apoios do Estado através de programas de apoio laboral.

Tenho conhecimento de um caso muito próximo de uma família que perdeu o pai e a esposa ficou com os dois filhos. Com a perda de trabalho já não foi possível pagar a renda da casa. Esta situação levou-os a viverem num acampamento em condições muito precárias. São em situações como estas que te descrevi que nós como Assistentes Sociais intervimos no seio familiar para apoiar economicamente e psicologicamente. E, acima de tudo, fornecendo alento e ânimo para todos os que perderam tudo por causa da pandemia. É um luto que não termina!

Carolina: De acordo com os estudos que leste, sob o ponto de vista de uma assistente social, o que recomendas para a promoção a nível social, económico e psicológico?

Laura: Todo o que estamos a viver com esta pandemia deixou-nos grandes ensinamentos. Para mim o mais importante de tudo é a empatia, visto que nos tempos atuais foi algo que se perdeu na nossa sociedade.

Estão para chegar momentos ainda mais difíceis no caso da economia da população. Muitas pessoas perderam os seus postos de trabalho e ficaram com dívidas.

Cabe-nos a nós, enquanto Assistentes Sociais, demonstrar às pessoas que não estão sozinhas e que têm o nosso apoio para seguir em frente. Temos a consciência que é difícil devido aos poucos recursos disponibilizados. No entanto, com perseverança, constância e otimismo podemos ir caminhando pouco a pouco.

Acredito que no momento presente a prioridade é intervir na Saúde Mental da população, uma pandemia tão grande como a que estamos a viver vai ser algo que nos vai marcar para toda a vida. Se já existia muita pobreza na população, com esta pandemia então agora o índice aumentou ainda mais.

A frustração de não ter trabalho, assim como de não ter um lar para a família desencadeia uma sensação angustiante.

A minha esperança é logo voltaremos a abraçar-nos. Jamais perder a esperança foi a estratégia que encontrei para ajudar as pessoas que perderam tudo devido a esta pandemia.

 

“ A esperança é o que nos mantém conectados com a vida”.

 

Laura Almada & Carolina Borges

                                                                            Aluna do último ano de Assistente social – Chile

Mestrado em Psicologia e Formadora

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