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Imaginar o envelhecimento no futuro

Quando escrevo sobre envelhecimento, gostava de o fazer com uma visão mais positiva! No entanto, a realidade ainda não me permite tal. Esse momento há de chegar. Até lá, é necessário alertar consciências e trazer à discussão algumas questões que, com a devida mudança, permitirão uma escrita mais positiva.

No entanto, se pensar no futuro, consigo idealizar como será envelhecer com qualidade e dignidade. Começa, desde logo, pela forma como projetamos a possibilidade de escolhas.

A pergunta chave, em meu entender, será: Como pretende envelhecer?

E aqui, abrimos um leque de oportunidades que permitem à pessoa escolher o que lhe parece mais adequado às suas necessidades, mas também expectativas, gostos e interesses.

Como conseguiremos chegar a este nível de dignidade? Há, certamente, um caminho desafiante a percorrer. Mas a Gerontologia revelou-me que é possível! Canalizar os serviços que realmente são necessários requer uma resposta adequada, com base numa perspetiva multidimensional. A integração de modelos que permitam uma intervenção eficaz e, ao mesmo tempo, com a utilização de recursos necessários, parece nuclear no envelhecimento. Se a intervenção for ajustada ao que realmente é necessário, estaremos a rentabilizar recursos. O papel do Gerontólogo como gestor de caso assume, então, uma importância acrescida para esta inovação que se revela fundamental. Pois, tal como sabemos, a gestão de recursos é essencial, uma vez que são escassos. A gestão a nível micro, poderá trazer benefícios significativos a nível macro, de modo a ir ao encontro de maior igualdade e com um maior alcance a nível populacional.

Pensarmos de que forma gostaríamos de envelhecer, como gostaríamos que fossem os serviços disponibilizados, talvez nos permita encontrar um caminho mais adequado para responder às necessidades e interesses dos mais velhos. Sinto-me confiante na vontade, que se percebe, em melhorar os serviços. No entanto, na hora da mudança, é necessário analisar com ponderação o caminho que queremos seguir.

O envelhecimento, no futuro, terá de ser uma etapa de vida valorizada e percecionada como um direito de escolha sobre o modo como queremos vivê-la.

Sabemos que o processo de envelhecimento engloba perdas que, estrategicamente, podemos colmatar, compensando e otimizando os recursos interno e/ou externos. Estas perdas não podem ser vistas como problemas, mas sim como desafios! E, como em todos os desafios, devemos construir as respostas, seja a nível individual, no nosso próprio processo de envelhecimento, seja a nível coletivo.

 

Marta Sousa – Gerontóloga

Diretora Técnica Centro de Dia Casa do Areal – Fundo Social Município de Braga

Órgão Social da Associação Nacional de Gerontólogos

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Comments (2)

  1. Os principais objetivos indispensáveis, prendem-se em:
    Acabar, com estigmas do Século XX, em que o envelhecimento, foi e é assumido, como doença e como tal, há que tratar dos coitadinhos.
    Considerar, que envelhecer faz parte do ciclo normal da vida, e deste modo deve ser assumida com naturalidade.
    Considerar, que após a reforma, (na fase envelhecimento), deverão ser mantidas políticas de vida ativa, (nomeadamente em termos de acesso a formação contínua, ao longo da vida), para todas as idades.
    Planear uma “Nova vida após a reforma”, fase em que estamos mais livres das obrigações profissionais, é por vezes o realizar o “Sonho desejado há muito tempo”.
    Sonhar, acreditar, realizar e viver! Sim viver, sem o pesadelo, e apostar na descoberta!

    1. Muito obrigado pelo seu comentário.

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