Artigo

NOSSA LÍNGUA, NOSSA CULTURA

A língua portuguesa é tão festejada que o seu dia é celebrado em duas datas diferentes. A primeira é no dia 10 de junho, quando se comemora o Dia da Língua Portuguesa em Portugal, em homenagem ao poeta Luiz de Camões, falecido nesta data. A segunda é 5 de maio, definido pela UNESCO em 2019 como o Dia Mundial da Língua Portuguesa, criado para celebrar sua contribuição para cultura mundial. Portanto, esse texto homenageia uma data, mas celebra duas, ora pois.

Ambas as datas evidenciam a importância da quinta língua mais falada no mundo. Hoje, mais de 265 milhões de pessoas se expressam em português em várias partes do planeta. Pra quem não se lembra, a cultura lusófona é composta por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste – nações que têm o português como língua-mãe.

Cada língua tem uma história, um jeito de se expressar, uma entonação, uma simplicidade, uma complexidade, como aquelas impronunciáveis, cheias de consoantes e poucas vogais que se fala em alguns países da Europa e aquelas que nasceram de culturas milenares da Ásia e do Oriente Médio, cuja grafia utiliza símbolos que se assemelham aos traços de um artista.

A língua é o que nos une como seres vivos e não apenas humanos, porque os bichos também têm sua própria língua para se comunicar. Vide as conversas das baleias, dos golfinhos, dos macacos e dos lobos, entre outros mais conhecidos.

A língua é também versátil, pois uma vez aprendida ela pode ser replicada e permite o diálogo com outras culturas. Na era digital, tornou-se mandatório dominar o inglês, que é o idioma hegemônico deste universo. O poder dominante de um idioma pode se tornar tão forte, que muitas palavras são incorporadas por outra língua como se fossem nativas. Temos centenas de exemplos no português falado no Brasil: entrega rápida é delivery, cópia é backup, apagar é deletar, negócio é business, pausa é coffee-break, desenho é design, moda é fashion, visual é look,  geladeira que congela é freezer, ginástica é fitness, sanduiche de carne é hambúrguer, cachorro quente é hot-dog, trabalho é job, conjunto de coisas é kit, gostar é like, sorvete batido é milk-shake, computador portátil é laptop ou notebook, cartaz de rua é outdoor, ligado é on, desligado é off, ligar é play, programa ao vivo é reality e tem também marketing, merchandising, stress, ticket, top-model, workshop e tantas outras que a gente nem se preocupa em traduzir tão consistente é a simbiose entre os idiomas.

Este é o barato da língua. Ela é inquieta, brincalhona, receptiva, camaleônica, sem preconceitos. A simples entonação da palavra muda o sentido da frase. Mágica pura.

É por amar a língua portuguesa – e respeitar todas as demais – que estamos aqui, pois sem ela as palavras não seriam escritas, os livros estariam em branco e a voz não seria ouvida, apenas o silêncio ou grunhidos inteligíveis. Já imaginaram a chatice de uma vida sem poder expressar pensamentos, sentimentos ou dúvidas e tudo aquilo que nos traz alegrias e tristezas?

Me incluam fora dessa! Eu quero mesmo é exportar palavras para quem quiser ler e ouvir, na língua portuguesa, no idioma que aprendi e de todas as formas que me permitam ser percebido pelo outro e pelo mundo. A tecnologia rompeu as fronteiras entre nações e pessoas, portanto vamos celebrar a comunicação planetária.

 

Viva o Dia da Língua Portuguesa! 

 

RICARDO MUCCI 

 

 

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