Artigo

VELHICE

JOAQUIM JORGE  Biólogo, fundador do Clube dos Pensadores

Tenho 65 anos, felizmente ainda tenho Pai (87) e Mãe (85), acompanho todos os problemas que têm com a sua velhice. Mas, vejo neles o que me pode acontecer a mim e, cada vez, estou mais preocupado com assuntos da velhice.

O problema não é fazerem de mim um tolo ou que estou a ficar xexé, corro o risco no futuro, que me ponham num lar e deixado a morrer sem assistência médica.

Qualquer partido político que se preze deve pôr na sua agenda política a velhice. É preciso respeitar os mais velhos e cuidar das suas articulações, dores, conforto, etc. Mas, como me apercebo não é assim que acontece para meu infortúnio. E, não tenho dúvidas em não me deixar enganar, à velocidade com que se aproxima a minha condição de pensionista necessitado.

Como tive o cuidado, desde jovem de cumprir com as minhas contribuições, a minha pensão não será para fazer uma festa, mas será algo digno e procurar evitar ficar dependente de quem quer que seja.

Porém muitos outros pensionistas empobrecem sem piedade. O que me assusta mais, é de quem se aproveita das fraquezas dos velhos: fraquezas físicas, sentimentais e intelectuais.

Testemunhar a passagem do tempo é horrível! Com o avanço dos anos apercebemo-nos que já não somos essenciais e importantes, os anos atiram-nos para as bordas da sociedade, parece que nos tiram do nosso lugar.

Preocupa-me que os velhos possam ser vítimas fáceis, daqueles que querem tirar proveito da sua melancolia.

É preciso que exista uma secretaria de Estado da Velhice que trate de tudo relacionado com idosos: pensões, saúde, apoios, etc. No fundo uma logística pró-activa para velhos. Não é criar algo para dar lugares, mas como alguma coisa premente e necessária da nossa sociedade.

Um governo deve incentivar cursos de gerontologia com apoio pecuniário. Há uma maior expectativa de vida, mas também, mais doenças crónicas que aumentam a necessidade de profissionais de gerontologia.

Aumentar os serviços de atendimento domiciliário, apoio físico e psicológico a pessoas dependentes.

Segundo a Pordata, censos de 2021, as pessoas idosas com 65 e mais anos, residentes em Portugal são: 2.435.388.

Por faixa etária: 65-69 anos, 635.830; 70-74 anos, 593.336; 75-79 anos, 470.004; 80-84 anos, 360.800; 85-89 anos, 239.910; 90-94 anos, 97.671; 95-99 anos 23 967; 100 ou mais anos, 2.870.

A tendência é para ir aumentando o número de velhos, com a esperança de vida e este país tem que olhar devidamente pelos idosos. É uma tristeza ficar velho, mas pior é ficar entregue à mercê de incautos.

JOAQUIM JORGE 

Biólogo, fundador do Clube dos Pensadores

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